
O distrito de Catingal, localizado no município de Manoel Vitorino, no sudoeste da Bahia, carrega uma história rica e profundamente entrelaçada com os ciclos da agropecuária, da fé e da resistência sertaneja. Sua origem remonta ao século XIX, em meio à interiorização do povoamento baiano, marcado pela busca por terras férteis e águas permanentes.
O nome “Catingal” vem do bioma caatinga, predominante na região. O termo, derivado do tupi “ka’a tinga”, significa “mata branca”, uma referência à vegetação esbranquiçada que caracteriza o sertão nos períodos de seca. A palavra “Catingal” designava originalmente grandes porções de terras cobertas por essa vegetação típica, e assim foi nomeado o lugar onde surgiria o povoado.
As Primeiras Famílias e a Formação do Povoado
Os primeiros moradores foram vaqueiros, pequenos agricultores e viajantes que encontraram em Catingal um ponto estratégico de descanso e sobrevivência. Áreas como o rio do Taquarussu e pequenos córregos locais garantiam o abastecimento de água. A fertilidade moderada do solo permitia o cultivo de lavouras de subsistência, como milho, feijão e mandioca, enquanto a criação de gado se tornou o carro-chefe da economia local.
Com o tempo, surgiram casas de taipa, currais, pequenas vendas e, sobretudo, uma capela, que se tornaria o marco inicial da comunidade católica local. A fé sempre teve papel central no cotidiano do distrito, com festas religiosas tradicionais e romarias, algumas em devoção a Nossa Senhora da Conceição e Santo Antônio, padroeiros de diferentes comunidades locais.
Elevação a Distrito
A formalização de Catingal como distrito aconteceu no contexto da reorganização administrativa do município de Manoel Vitorino. Através de decreto estadual, em meados do século XX (algumas fontes apontam para os anos 1950 ou 1960), o então povoado foi elevado à categoria de distrito, ganhando representação administrativa e maior atenção do poder público.
Apesar disso, o distrito sempre enfrentou desafios relacionados à infraestrutura, como a falta de pavimentação, problemas com o abastecimento de água e energia elétrica, além da distância das sedes municipais e estaduais, o que dificultava o acesso a serviços de saúde e educação por muitos anos.
Cultura e Tradição
Catingal mantém vivas as tradições sertanejas, com festas de vaquejada, aboios, rezas e manifestações culturais autênticas do interior baiano. A economia ainda gira, em grande parte, em torno da agricultura familiar, da pecuária e de pequenos comércios locais.
As festas juninas são um ponto alto da vida social, reunindo moradores e visitantes em clima de alegria, música e forró pé-de-serra. Além disso, nos últimos anos, Catingal tem se destacado com o surgimento de artistas locais, pregadores evangélicos, produtores culturais e eventos religiosos que fortalecem sua identidade.
Desafios e Esperança
Mesmo diante das dificuldades históricas de desenvolvimento, Catingal continua sendo um exemplo de resistência sertaneja. A juventude local busca cada vez mais formação educacional, muitos retornando à comunidade com novos conhecimentos, enquanto líderes comunitários se empenham em trazer melhorias para a população.
O distrito também tem se tornado tema de reportagens, documentários e podcasts locais, revelando sua importância não apenas como território, mas como símbolo de uma Bahia sertaneja viva, forte e cheia de histórias para contar.