O município de Manoel Vitorino, localizado na região sudoeste da Bahia, tem uma trajetória marcada por transformações políticas e sociais significativas desde sua emancipação política em 1963. Anteriormente pertencente a Jequié, a luta pela autonomia foi liderada por líderes locais que almejavam maior representatividade e gestão mais próxima das realidades da região.

Origens e Emancipação

A emancipação aconteceu oficialmente em 1962, sendo o município instalado em 1963, nomeado em homenagem ao médico, escritor e político baiano Manoel Vitorino Pereira, que também foi vice-presidente da República no início do século XX. A instalação do município significou a fundação de uma nova organização político-administrativa com foco nas demandas locais, especialmente nas áreas ruralistas que compõem a maior parte de sua população.

Primeiros Gestores e a Consolidação Política

O primeiro prefeito eleito foi Matheus Vaz Sampaio, responsável por organizar as primeiras estruturas administrativas. No entanto, quem marcou fortemente a fase de estruturação do município foi Renato de Alencar Vilar, natural de Catingal, que assumiu seu primeiro mandato em 1967 e depois teve outras duas gestões (1972-1976 e 1982-1988).

Renato Vilar ficou conhecido como um gestor visionário para a época, promovendo melhorias em infraestrutura, acesso à água e valorização das comunidades rurais. Sua liderança reforçou o papel de Catingal como um centro influente dentro do município.

Décadas Posteriores e o Revezamento de Poder

Após Renato Vilar, Manoel Vitorino passou por diferentes ciclos políticos, refletindo as tensões típicas de cidades interioranas onde os grupos familiares e interesses locais influenciam fortemente as eleições.

Entre os prefeitos que sucederam a Renato Vilar estão nomes como:

🏛️ Prefeitos de Manoel Vitorino (1963–2024)

1. Matheus Vaz Sampaio (1963–1966)

Primeiro prefeito do município após sua emancipação. Liderou a instalação da administração pública local, estabelecendo as bases para o desenvolvimento inicial da cidade.

2. Renato de Alencar Vilar (1967–1970, 1972–1976, 1982–1988)

Natural de Catingal, Renato Vilar teve três mandatos não consecutivos. Ficou conhecido por promover melhorias significativas na infraestrutura rural, incluindo a construção de estradas e cisternas para captação de água da chuva, beneficiando comunidades como Boqueirão.

3. Gabriel Dantas Novais (1970–1972, 1976–1982)

Assumiu a prefeitura entre os mandatos de Renato Vilar. Durante seus períodos de gestão, deu continuidade a projetos de desenvolvimento urbano e rural iniciados por seus antecessores.​

4. Lenilton Pereira Lopes (1988–1992, 2009–2012, 2013–2016)

Teve três mandatos não consecutivos. Em suas gestões, focou na modernização administrativa e em políticas públicas voltadas para a saúde e educação.​

5. Jocenando de Sá Meira (06/07/1992 – 31/12/1992)

Assumiu interinamente após a saída de Lenilton Lopes, garantindo a continuidade da administração municipal até as próximas eleições.​

6. José Marques da Silva (1993–1995)

Durante seu mandato, implementou políticas sociais e investiu em infraestrutura, buscando melhorar a qualidade de vida dos munícipes.​

7. Manoel Moreira da Nóbrega (1995–1996)

Teve um mandato breve, focando na administração municipal e na continuidade dos projetos em andamento.​

8. José Magalhães de Souza (1996)

Assumiu a prefeitura por um curto período, mantendo a estabilidade administrativa do município.​

9. Caetano Bernardino de Santana (1997–2000)

Sua gestão foi marcada por esforços no desenvolvimento econômico local e na melhoria dos serviços públicos.​

10. Heleno Viriato de Alencar Vilar (2001–2008, 2017–2018)

Parente de Renato Vilar, Heleno teve dois mandatos. Em 2018, anunciou sua saída da política, afirmando que “Deus tirou a política do meu coração”.

11. Manoel Silvany Barros (2019–2024)

Eleito em 2020 com 51,19% dos votos, focou em políticas públicas e desenvolvimento social durante seu mandato.

12. Vinicius Costa (2025–2028)

Eleito em 2024 com 49,66% dos votos, assumirá a prefeitura em 2025. Sua eleição foi marcada por uma disputa acirrada, vencendo por uma diferença de apenas 26 votos.

Cada um, com suas estratégias e políticas, lidou com questões estruturais como estradas vicinais, abastecimento de água, educação rural e saúde pública – áreas essenciais num município com território vasto e predominantemente rural.

O Distrito de Catingal: Pilar Histórico, Econômico e Político

Berço Político e Cultural

Catingal, localizado a cerca de 30 km da sede, é muito mais que um simples distrito. Historicamente, foi o berço de lideranças políticas importantes, como o próprio Renato Vilar, e também uma das primeiras comunidades a se organizar social e religiosamente. Sua importância está no papel ativo na formação identitária de Manoel Vitorino.

Foi em Catingal que surgiram os primeiros debates sobre emancipação, além de iniciativas comunitárias que inspiraram ações públicas em todo o município. Ainda hoje, a política local é fortemente influenciada pelos eleitores e lideranças da região.

Importância Econômica

Catingal é uma das áreas mais povoadas do município. Com forte vocação para a agricultura familiar e a pecuária, a economia local gira em torno da criação de gado, produção de leite e cultivo de culturas como milho e feijão. Além disso, o comércio local é bastante ativo, atraindo moradores das regiões circunvizinhas.

Outro aspecto relevante é a tradição religiosa, com eventos cristãos que reúnem multidões e movimentam o turismo religioso, trazendo não apenas fé, mas também geração de renda para a comunidade.

Catingal como Reduto Eleitoral

Politicamente, Catingal é um reduto estratégico para qualquer candidato que queira vencer as eleições municipais. O distrito tem peso expressivo no número de eleitores e costuma definir o rumo das urnas. Por isso, é comum ver candidatos valorizando a comunidade com promessas de pavimentação, investimentos em saúde e programas sociais.


Conclusão

A história política de Manoel Vitorino é rica em personagens e momentos marcantes, mas nenhum deles pode ser compreendido sem considerar a importância do Distrito de Catingal. Do ponto de vista histórico, político, cultural e econômico, Catingal é a alma do município — não apenas por sua gente trabalhadora e consciente, mas por ter sido o chão onde brotou a semente da liderança, da luta e do progresso.

A memória de nomes como Renato de Alencar Vilar permanece viva como símbolo dessa ligação entre história e identidade, algo que continua moldando o futuro da cidade.