Durante o evento, José Wellington afirmou: “Infelizmente está acontecendo uma coisa entre nós que não está ficando bem. É o porte dos nossos pastores. […] Estão apanhando aí um costume que nunca foi nosso. Não é nosso porque é bíblico. Eu posso mostrar na Bíblia. É a questão da barba.”
As declarações geraram reações imediatas entre ministros assembleianos, que se sentiram discriminados pela insinuação de que o uso da barba estaria em conflito com preceitos bíblicos e tradicionais da denominação. O advogado Antônio Medeiros, representante dos pastores afetados, criticou publicamente as declarações de José Wellington, descrevendo-as como ofensivas e discriminatórias.
Em um vídeo nas redes sociais, Medeiros afirmou: “O pastor José Wellington falou o que quis e pagará o que ele não quer.” Ele anunciou que irá acionar a Comissão Antidiscriminatória da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para analisar o caso, argumentando que a CGADB não pode impor normas que contradigam decisões regionais já adotadas por convenções estaduais, como a permissão para o uso de barba por ministros.
Medeiros também levantou a questão da coerência, apontando para o fato de que José Wellington aceita homenagens com bustos em sua cidade natal e no museu da denominação, embora isso contrarie um mandamento bíblico claro contra a confecção de imagens e esculturas, conforme descrito em Êxodo 20.
O episódio reacende um debate antigo dentro das Assembleias de Deus no Brasil, que historicamente enfrenta divisões entre setores conservadores e mais flexíveis em relação a costumes externos. A questão do uso da barba, embora não central na doutrina pentecostal, tornou-se um ponto de tensão cultural e visual dentro da denominação.
José Wellington, figura influente e respeitada no meio evangélico, presidiu a CGADB por mais de três décadas e continua a exercer grande influência sobre a liderança assembleiana. Até o momento, nem a CGADB nem José Wellington se pronunciaram oficialmente sobre o incidente, que continua a gerar repercussões significativas entre líderes evangélicos em todo o país.
O embate reflete não apenas uma disputa sobre costumes visuais, mas também questionamentos sobre autoridade e diversidade dentro das denominações cristãs brasileiras. A resposta da OAB e os próximos passos legais poderão influenciar o futuro da relação entre tradição e mudança dentro das Assembleias de Deus no Brasil.